Acostumada a sediar grandes eventos nacionais e internacionais, com público de 11,7 milhões em 2010, dos quais 1,6 milhão de estrangeiros, São Paulo terá de vencer o desafio de hospedar, entre junho e julho de 2014, os visitantes que virão para os jogos da Copa do Mundo. Só de estrangeiros, estima-se que passarão pela cidade quase metade dos 600 mil torcedores. Hoje seus 410 hotéis e 42 mil leitos acusam taxa de ocupação perto de 70% e a quantidade de novos leitos previstos para 2014 é pouco expressiva: entre 1 mil e 3 mil.
Interesse em investir em novos hotéis não falta, mas os preços dos escassos terrenos dispararam com o aquecimento imobiliário.
“A cidade já precisa de novos hotéis”, diz Carolina Haro, sócia diretora da Mapie Consultoria. Uma ocupação de 70% em turismo de negócios, o forte da cidade, significa lotação completa durante a semana. “São poucos os novos projetos e qualquer um que começar agora não vai ficar pronto para atender à Copa.” Segundo a consultora, há dez empreendimentos sendo construídos na área metropolitana e que ficarão prontos em 2014, incluindo a reforma do tradicional Ca’d’Oro, o primeiro cinco estrelas da cidade, e as três torres hoteleiras previstas no projeto de reforma e ampliação do estádio do Morumbi, com investimentos estimados em R$ 100 milhões.
Cidades em um raio de até 80 km devem se beneficiar com aumento no fluxo de turistas
A consultora acredita que boa parte dos visitantes deverá se hospedar na região metropolitana ou em cidades próximas a São Paulo, como Campinas. Mauro Massao Johashi, sócio diretor da consultoria de gestão da BDO RCS, também prevê que cidades num raio de 80 quilômetros em torno da capital vão ser favorecidas, incluindo Jundiaí, Sorocaba, São Roque, Valinhos e Atibaia.
Os mais otimistas ponderam que no período da Copa ninguém vai agendar congresso ou encontro de negócios na cidade e os hotéis poderão tranquilamente hospedar os visitantes. “Habituada a um grande fluxo de eventos, que equivalem a uma Copa por mês, tenho certeza que São Paulo está preparada para receber os torcedores. Haverá apenas uma substituição de público”, diz Toni Sando, diretor superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau, fundação que promove o turismo local.
“Temos tradição em grandes eventos”, concorda Julio Serson, vice-presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB). São Paulo sedia 90 mil eventos por ano, o que dá um evento a cada 6 minutos. Na cidade, são realizadas 120 das 176 grandes feiras do Brasil. Em 2010, a permanência dos visitantes estrangeiros foi de 5,6 dias e a dos brasileiros, de 3,6 dias, segundo o São Paulo Convention & Visitors Bureau. Mais do que condições de hospedagem, o que preocupa os hoteleiros é a infraestrutura de transporte da cidade, a começar pelos aeroportos lotados e o trânsito caótico para chegar até o hotel.
Fonte: Diário do Turismo